tag:blogger.com,1999:blog-65960019742581056732024-02-20T11:53:40.339-08:00Caçador de Mimpor Dal MarcondesUnknownnoreply@blogger.comBlogger30125tag:blogger.com,1999:blog-6596001974258105673.post-18884076975510997592011-08-01T08:41:00.001-07:002011-08-01T08:41:27.555-07:00Beleza em forma de música<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="349" src="http://www.youtube.com/embed/7fi-sUOM8io" width="425"></iframe>Dal Marcondeshttp://www.blogger.com/profile/06967482240144469309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6596001974258105673.post-15292721405211860802010-04-16T13:09:00.001-07:002010-05-06T13:13:07.536-07:00Que mundo vamos entregar?<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/ap47N7rT9-U&hl=pt_BR&fs=1&rel=0&color1=0x234900&color2=0x4e9e00"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/ap47N7rT9-U&hl=pt_BR&fs=1&rel=0&color1=0x234900&color2=0x4e9e00" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6596001974258105673.post-33879600682534921592010-04-10T14:07:00.001-07:002010-04-10T14:07:39.192-07:00Let it be<object width="480" height="385"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/Z4bib4PBqGA&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x234900&color2=0x4e9e00"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/Z4bib4PBqGA&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x234900&color2=0x4e9e00" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6596001974258105673.post-50319088599037282282010-03-09T13:35:00.000-08:002010-03-09T13:35:00.442-08:00Mil anos para as mulheres!<i>Por Dal Marcondes</i><br />
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Minha vida é cercada de mulheres. Em sua maioria pessoas fortes, cheias de vida e personalidade. A começar por minha mãe. Maria Bela é um farol que emana segurança e caráter. Minhas irmãs, as três, são a ternura de que me lembro. Cristina é o sonho, o charme, a insensatez e a liberdade. Adriana é a responsabilidade e a braveza em todos os sentidos do termo. Nira é a harmonia, a alegria e a ternura que fazem sorrir, sempre.<br />
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Minhas filhas são complementos: Alba é um presente que faz olhar o futuro com esperança. Alice é a certeza de que este futuro será construído de fato, e será um bom lugar para se viver.<br />
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Entre meus amores há um pouco de tudo, representado hoje por Ana Maria, que tudo agita e faz com que a vida se mova, sempre.<br />
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Este ano é o centenário do Dia Internacional da Mulher. Vamos ler muito sobre isto, apenas espero que não seja mais com a visão romântica de que as mulheres são umas coitadinhas que carregam o mundo nas costas. Claro que há injustiças, e muitas. No entanto, há avanços a serem comemorados. O principal deles é o espaço que as mulheres estão ocupando no campo político. Teremos este ano duas mulheres concorrendo à Presidência da República, uma demonstração de que estão prontas para assumir responsabilidades que anos atrás eram impensáveis para quem não ostentasse aspecto de liderança viril.<br />
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A vida tem demonstrado que as mulheres chegaram a este século XXI muito melhor preparadas para as incertezas e novos desafios que os homens. As meninas estão anos luz de seus contemporâneos masculinos nos quesitos liberdade, consciência e autoconhecimento. Enquanto as moças olham para cima e para a frente, grande parte dos rapazes se encolhem, se acovardam e buscam abrigos que os protejam de um futuro incerto.<br />
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Há, entre os homens, um certo sentimento de “antigamente é que era bom”, quando sabiam seus papéis quase que por “herança genética”. Eram criados para trabalhar, pagar as contas e ter prioridade sobre o controle remoto da TV. Sabiam o que fazer, enquanto, na sua opinião, as mulheres deviam se dedicar a lavar, passar, cozinhar e cuidar das crianças. Bom, tudo mudou.<br />
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E agora rapazes? A festa não acabou, apenas mudou a música, agora elas trabalham, planejam, mandam e, talvez, sejam melhores que nós nisso. Elas dirigem, compram, pagam e opinam. Elas são mães e com este poder da vida entendem melhor a responsabilidade de deixar viver.<br />
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O mundo masculino é um mundo de exclusão, de força e de morte. O mundo feminino é de acolhimento e de vida. Qual tem mais a oferecer para o futuro? E não podemos nos equivocar, este mundo-mulher não é fraco, sua força não vem das armas, mas sim da legitimidade. Enquanto os homens se armam para enfrentar a pluralidade da vida, as múltiplas opiniões e a diversidade, as mulheres estão habituadas a mediar as disputas de seus homens sem deixar mágoas e construindo uniões.<br />
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Acredito que a Terra, planeta feminino, será melhor quanto mais as mulheres ocupem espaços de poder. Neste centenário do Dia Internacional da Mulher faço uma aposta no futuro: que este seja o milênio da mulher. E no ano 3.000 voltaremos a ver se os homens podem voltar a merecer confiança. (Envolverde)Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6596001974258105673.post-32890140397237201922009-11-28T14:57:00.001-08:002009-11-28T14:57:40.531-08:00Bodas de Ouro - Bela e Silvio<embed type="application/x-shockwave-flash" src="http://picasaweb.google.com.br/s/c/bin/slideshow.swf" width="288" height="192" flashvars="host=picasaweb.google.com.br&hl=pt_BR&feat=flashalbum&RGB=0x000000&feed=http%3A%2F%2Fpicasaweb.google.com.br%2Fdata%2Ffeed%2Fapi%2Fuser%2Fdalmarcondes%2Falbumid%2F5409268590267013009%3Falt%3Drss%26kind%3Dphoto%26hl%3Dpt_BR" pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer"></embed>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6596001974258105673.post-69994112831127332402009-10-20T18:49:00.000-07:002009-10-20T18:49:00.717-07:00Meu aniversário 2009<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/OhnyNkhQZSo&hl=pt-br&fs=1&color1=0x234900&color2=0x4e9e00"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/OhnyNkhQZSo&hl=pt-br&fs=1&color1=0x234900&color2=0x4e9e00" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6596001974258105673.post-44772768388707968462009-06-04T10:31:00.000-07:002009-06-04T10:32:23.756-07:00Navegando no Rio Tapajós<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMUJ-FmUgkd0o5Fy6codvyw7UOtj95TpRYhRnRJ7OeL_r30oOLKJlNt1HalhbBBKxAZ6EKl9y-awbUdX9tytxD3B-xj9428KSDzEeNWlM_NDStFhM9TegancB6Gc7ppDhbahPiqvM0P5o/s1600-h/Tapajos.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMUJ-FmUgkd0o5Fy6codvyw7UOtj95TpRYhRnRJ7OeL_r30oOLKJlNt1HalhbBBKxAZ6EKl9y-awbUdX9tytxD3B-xj9428KSDzEeNWlM_NDStFhM9TegancB6Gc7ppDhbahPiqvM0P5o/s320/Tapajos.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5343526442549681538" /></a><br />Dal MarcondesUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6596001974258105673.post-25409014546922992822008-11-30T05:11:00.000-08:002008-11-30T05:25:59.123-08:00As pessoas mais importantes do mundo!<table style="width:auto;"><tr><td><a href="http://picasaweb.google.com.br/lh/photo/4X2JlUjUqG8Nm2OmSn_OMA"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfCCdkacBYSVo0FBYyRSP4Ly-8RD6mU9t2cVOeK1h37n74Tv4IBLD8iveCEYbD7s1hpXp4xQWEz0DlofObnsJJff2mfYDHnFF3zhg3gf-X2NOt5H7m4mW9imi7StO2nmaIH9P4yU3d_Po/s400/DSC03959.JPG" /></a></td></tr><tr><td style="font-family:arial,sans-serif; font-size:11px; text-align:right">De <a href="http://picasaweb.google.com.br/dalwodianer/DiaDosPais">Dia dos Pais</a></td></tr></table><br />Alba e Alice, vê-las crescer, transformar-se em lindas mulheres, independentes e fortes é uma das mais importantes realizações da minha vida.<br /><br /><table style="width:auto;"><tr><td><a href="http://picasaweb.google.com.br/lh/photo/gWyKvmYgOXLQTjFm56hWfQ"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioWjG2uqC_4cN4PDIgrBHuirMP2VKLEpbkmMtNVBPSzlUBZ4rAJLiJ0MBLzKdCwx-vVtg5EPPfX0KPoK2jBZs4P_7B5b7qV5A0sV8VNjss_YphGx0pQD3sF_l2pogkF_4Xu0FUSCkO_VA/s400/DSC00823.JPG" /></a></td></tr><tr><td style="font-family:arial,sans-serif; font-size:11px; text-align:right">De <a href="http://picasaweb.google.com.br/dalwodianer/CristinaELucio">Cristina e Lucio</a></td></tr></table><br /><br />Alba, muito linda!<br /><br /><table style="width:auto;"><tr><td><a href="http://picasaweb.google.com.br/lh/photo/08nmO5FnZgjxTdViT5kTAw?authkey=pRr9fDMpnBU"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8cObsAxwYBJRfqeV761wlLIX1wSuGkZEqKY6QTg3p_9kv-Rgd1Lx1S0a0tNV9fAqaX1eyWriXKlYMgdqiK3Fitv4KFBv5N6PeMvj4pJvbRsKBmmJjjV9OnccxkLvpNPDh9Abrhdna88E/s400/DSC00492.JPG" /></a></td></tr><tr><td style="font-family:arial,sans-serif; font-size:11px; text-align:right">De <a href="http://picasaweb.google.com.br/dalwodianer/Familia?authkey=pRr9fDMpnBU">Familia</a></td></tr></table><br /><br />Alice, alegre, linda e independente!<br /><br /><table style="width:auto;"><tr><td><a href="http://picasaweb.google.com.br/lh/photo/WyTPgg7V6QFSl6zncVmOIg?authkey=pRr9fDMpnBU"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2NJNyQbgWH5MAZPcIs4TVji8yfBnN_ZKJcbn0emsaIE9NdY86E46fFR7LZY2t8JV9EoHRE0scKEiBAmzzky8LJ-feLioIZCECDX5keGAx8shu-hbJy6lhVdkBxRKVhPZ4Wr78aaLmpnY/s400/DSC00569.JPG" /></a></td></tr><tr><td style="font-family:arial,sans-serif; font-size:11px; text-align:right">De <a href="http://picasaweb.google.com.br/dalwodianer/Familia?authkey=pRr9fDMpnBU">Familia</a></td></tr></table><br /><br />Minha mãe, Maria Bela, e minhas irmãs Adriana e Nira!<br /><br /><table style="width:auto;"><tr><td><a href="http://picasaweb.google.com.br/lh/photo/nqQ28vgbZe_2sKY1L9uWfw?authkey=pRr9fDMpnBU"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfinG42qlMpMJMldg6V7kpEAgpN99rXZAEFnjA8j_fcmm_pYstIUFkGPC2aUP4XJDxAx30i_3-O8WoJ0nrHJlwOeQyiJ0hABcoWgIzo2w-mPFY0Cf0NMRSOHgUOHOBoid4jVQcdW_dpYU/s400/DSC00512.JPG" /></a></td></tr><tr><td style="font-family:arial,sans-serif; font-size:11px; text-align:right">De <a href="http://picasaweb.google.com.br/dalwodianer/Familia?authkey=pRr9fDMpnBU">Familia</a></td></tr></table><br /><br />Ana Maria, minha companheira!<br /><br /><table style="width:auto;"><tr><td><a href="http://picasaweb.google.com.br/lh/photo/fTCviDd3jSOnFFtrSIqx1Q"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyujH5RK55SLnIHfAerQBqlChk-CuZ4qYhm9Wb52NrpasQOY-JhUNlTO6np9Mm8l7cWJBZEh9aLQHGy1MmNTzF6DfYtMFUHUUGWdQNGfL3noz81ClC3yow_gOE2u-PUlhLcVjWiMiuKVc/s400/DSC00611.JPG" /></a></td></tr><tr><td style="font-family:arial,sans-serif; font-size:11px; text-align:right">De <a href="http://picasaweb.google.com.br/dalwodianer/CristinaELucio">Cristina e Lucio</a></td></tr></table><br /><br />Cristina, uma lutadora!Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6596001974258105673.post-46059190790638900222008-09-08T13:30:00.000-07:002008-09-08T13:37:54.464-07:00Abmudos, ou aqueles que se calam diante dos absurdos<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdqWDz3oN3Yolv1Oh7cwK1WCpgBF0iwMsqCiAa6hQIifeSPteZF83czf201LHux77maR5RxyPOSty3L1WjgNgfM7u71B29SXCMJwBJCdYSne7zf5jqrdHVS-CvlddbemG0d3G6_esy4m8/s1600-h/absurdo.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdqWDz3oN3Yolv1Oh7cwK1WCpgBF0iwMsqCiAa6hQIifeSPteZF83czf201LHux77maR5RxyPOSty3L1WjgNgfM7u71B29SXCMJwBJCdYSne7zf5jqrdHVS-CvlddbemG0d3G6_esy4m8/s200/absurdo.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5243751587313896178" border="0" /></a> por Dal Marcondes <br /><br />A história humana é acompanhada desde suas origens pelos abmudos. Aqueles que assistem os absurdos sem nada dizer. São eles os responsáveis por grande parte dos males que assolam o homem. Não importa a cultura. Não importa a época. Abmudos estiveram presentes em todas as grandes catástrofes e convivem diariamente com dramas menores. Ficam quietos quando assistem infrações de trânsito, quando percebem que alguma coisa pode dar em confusão, sempre que é necessário interferir. Ou seja, calam-se diante dos absurdos. Alguns exemplos podem ajudar a definir melhor o que é um abmudo:<br /><br />Uma pessoa caminha pela calçada e vê alguém estacionando um carro sobre a mesma calçada. Ao motorista não parece importar que estará colocando outras vidas em risco por obrigar os pedestres a fazerem um perigoso desvio pela rua movimentada. Uma situação de absurdo, mas o passante não se detém em sua caminhada, desvia-se pela rua e segue seu caminho. Não tem coragem de interferir, não tem a dimensão de sua responsabilidade de cúmplice, acredita piamente que não tem nada a ver com isso. Apenas no fundo roça-lhe um vago pensamento sobre como essa situação não aconteceria em um país desenvolvido.<br /><br />Esse exemplo faz recordar a história contada por outro passante em outra calçada. Ia esse por uma rua em Genebra, na Suíça, quando presenciou uma cena que em terras tupiniquim pareceria insólita: apressado, seguia pela calçada um senhor bem aparentado, terno alinhado e um pequeno papel nas mão. Após uma olhada detida no papel, amassou-o e atirou ao chão. Poucos metros atras vinha um outro homem, mais jovem, que abaixou-se e apanhou o papel amassado. Exitou um pouco mas chamou o homem de terno. "Senhor, deixou cair um papel". A resposta foi seca: "Não o quero, é lixo". E o mais jovem respondeu: "Pois é, é lixo e a cidade também não o quer". Há os que vejam nesse exemplo apenas o fato de que a civilização existe na Suíça, o que é verdade, mas ela existe em todos os lugares onde os abmudos superam seus traumas e enfrentem os absurdos.<br /><br />Quase sempre há leis coibindo os absurdos e quase sempre há um abmudo os encobrindo. Não podem, na maioria das vezes, ser taxados legalmente como cúmplices, mas são quase tão culpados quanto os que cometem os absurdos. Um pequeno jogo entre as palavras absurdo e abmudo pode explicar muito da trama psicológica que envolve a relação entre as duas personagens. Os absurdos (vistos aí como os sujeitos da ação absurda) agem como surdos diante dos apelos éticos e morais que deveriam coibir suas ações. Os abmudos, por acreditarem que suas vozes não serão ouvidas, calam-se. Esse círculo vicioso acompanha a humanidade desde seus primórdios.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6596001974258105673.post-65009385432056161572008-05-25T07:39:00.000-07:002008-05-25T07:48:59.828-07:00Roberto Freire se foi!<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkS5f1_h9HI71xweBuPtoeLvxe3P8RodzzbhAz7UsOUZsWIGconhqS8R1abRy1GzVY-RNUG9vtQ9gUOhmcOozQDMzMceIQ_jFE3se3YQMForopFMfB7D818KZerzqmYVLIA19WDoCAbUA/s1600-h/Roberto+Freire.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkS5f1_h9HI71xweBuPtoeLvxe3P8RodzzbhAz7UsOUZsWIGconhqS8R1abRy1GzVY-RNUG9vtQ9gUOhmcOozQDMzMceIQ_jFE3se3YQMForopFMfB7D818KZerzqmYVLIA19WDoCAbUA/s320/Roberto+Freire.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5204327515028568082" border="0" /></a><span style="font-size:100%;">Por Dal Marcondes<br /></span><p class="MsoNormal"><span style=";font-family:Verdana;font-size:100%;" >Ontem à noite, pelo jornal da TV, recebi a notícia de que Roberto Freire, o terapeuta, o jornalista, o escritor, o homem que acreditou que “sem tesão não há solução”, morreu. Eu não via o Roberto pessoalmente há muitos anos, mas me confortava saber que ele estava bem, vivendo e amando. Sem dúvida o “Bigode”, como seus amigos e pacientes o chamavam, foi um dos homens de seu tempo que mais amou e teve tesão por tudo o que fez.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:Verdana;font-size:100%;" >Conheci Roberto Freire em algum momento da primeira metade dos anos 70. Ele já era um mito, com passagens pelo que de melhor o jornalismo brasileiro já havia produzido, e atendia como psiquiatra e psicoterapeuta em um sobrado na rua Sarutaiá, perto da Brigadeiro e da Pamplona, área nobre da burguesia paulistana. Na época eu tinha, acho, uns 16 anos e uma cabeça bem complicada. Queria ser poeta. Em uma de nossas primeiras conversas ele, sentado em uma grande almofada escura recheada com bolinhas de isopor, vestindo um quimono, pegou um exemplar do Estadão de domingo e disse: “Sem problemas. Ache ai uma oferta de emprego para poeta e te dou alta.” Eu acho que não entendi direito na hora. Fiquei com a impressão de que ele queria me desestimular de ser poeta. Mas hoje acho que não. Ele só queria me mostrar que vida de poeta não é fácil.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:Verdana;font-size:100%;" >Bom, de qualquer maneira não me tornei poeta. Não no sentido mais clássico do termo. Cometi algumas poesias, escrevi crônicas e me tornei jornalista. Fiquei cerca de cinco anos fazendo terapia com o Bigode. Primeiro individual e, depois, grupo. Da rua Sarutaiá se consultório foi para algum lugar perto da Lapa e, finalmente, para a rua Lopes Chaves, na Barra Funda, na mesma casa onde viveu Mário de Andrade. Foi um tempo de muitas descobertas, para dentro e para fora. Foi um tempo de libertação. Mesmo sendo filho de uma libertária, creio que a experiência de compartilhar meus pensamentos com o Roberto Freire foi estruturante em minha visão de mundo, em minha compreensão de direitos, de vontades e, principalmente, da minha sexualidade.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:Verdana;font-size:100%;" >Participar da sessões de grupo era como ser personagem de seus livros, era pensar e ser Cléo ou Daniel. Era mergulhar nas águas da Maromba e conhecer realidades múltiplas. Roberto era um ser sensorial, capaz de amar e viver em mundos muito diferentes do comum dos mortais. Mesmo assim tinha, como poucos, a compreensão da natureza humana. Não estive com ele nestes últimos anos, apenas acompanhei a figura pública, aquela que aparecia na mídia. Mesmo assim, em poucas linhas. As fotos que vi mostravam um homem vivido, que perdeu uma vista, mas que mantinha, em seu olho bom, a chama da vida.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:Verdana;font-size:100%;" >Até posso imaginar as preocupações que iam à mente daquele homem. Mas não ouso imaginar que sou capaz de traduzi-las. A presença de Roberto em minha vida foi como arrancar um garotinho suburbano de sua casinha de bairro e lança-lo em um mundo onde o pensamento é poderoso e a língua um instrumento de vida e morte. Não apenas Roberto Freire era um furacão dentro de mentes jovens, mas sua terapia mostrava onde os limites eram inaceitáveis e onde o corpo e a mente precisavam caminhar juntos em um precário equilíbrio.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:Verdana;font-size:100%;" >Nos próximos dias certamente farão homenagens a Roberto, aos seu livros, à uma obra dedicada a mostrar as pessoas para elas mesmas, nuas e jogadas em uma roda viva de paixões. Suas personagens vão sair da obscuridade e viver novamente suas vidas de papel e suas sagas de sangue e amor. Cléo e Daniel retomarão sua grandeza e mais uma vez se amarão pelas pedras da Maromba. No fundo da alma das pessoas que percorreram com Roberto Freire os corredores de suas próprias existências e abriram seus mais profundos alçapões, a simples menção de seu nome, de sua morte, de sua finitude, vai acordar o desconforto de ser conformado.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:Verdana;font-size:100%;" >A alma dele vai alvoroçar, desta vez, os anjos e, talvez, mostre a eles qual é, finalmente, seu sexo.<o:p></o:p></span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6596001974258105673.post-6836977103932623282008-05-18T16:09:00.001-07:002008-05-18T16:09:56.221-07:00Uriah Heep<object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/u0iuaxvkXv4&hl=en"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/u0iuaxvkXv4&hl=en" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6596001974258105673.post-3712608763724800422008-05-18T10:45:00.000-07:002008-05-18T10:46:17.852-07:00Pink Floyd<embed id="VideoPlayback" style="width:400px;height:326px" flashvars="" src="http://video.google.com/googleplayer.swf?docid=-7195529529250021933&hl=en" type="application/x-shockwave-flash"> </embed>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6596001974258105673.post-25565345347948182412008-05-18T10:40:00.000-07:002008-05-18T10:42:44.098-07:00Help - The Beatles<embed id="VideoPlayback" style="width:400px;height:326px" flashvars="" src="http://video.google.com/googleplayer.swf?docid=-2243298924020075723&hl=en" type="application/x-shockwave-flash"> </embed>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6596001974258105673.post-9900386152284464472008-05-18T10:23:00.001-07:002008-05-18T10:42:27.673-07:00Angie - Rolling Stones<object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/d2DMtzvtmEQ&hl=en"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/d2DMtzvtmEQ&hl=en" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6596001974258105673.post-30159364730985086012008-05-18T10:09:00.000-07:002008-05-18T10:14:15.196-07:00O telefone público<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNUYZA2pk7tFfticYjoQtb-i6rctVo5_bLULLPmWAdXMpEDNt_TN48YiCSYjn9Xo00qmmZX6Sw7IPQGUU8awqKyuY4JAH4YCrYRzP1JvQalzg5_2PI4EHz6ltmbVlYiTdtLbwgFnUsGnw/s1600-h/telefone.gif"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNUYZA2pk7tFfticYjoQtb-i6rctVo5_bLULLPmWAdXMpEDNt_TN48YiCSYjn9Xo00qmmZX6Sw7IPQGUU8awqKyuY4JAH4YCrYRzP1JvQalzg5_2PI4EHz6ltmbVlYiTdtLbwgFnUsGnw/s200/telefone.gif" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5201767386067933874" /></a><br />Por Dal Marcondes<br /><br />Bem em frente ao edifício onde moro há um telefone público. Não daqueles charmosos orelhões que se via em cada esquina do país até bem pouco tempo, mas uma cabine horrorosa de concreto com um moderno telefone de cartões dentro. Bom, apesar da aparência pouco agradável, sem dúvida que ele ouve diariamente as maiores alegrias e dramas da vida.<br /><br />Da sacada do meu apartamento, no segundo andar, por vezes pego fragmentos das conversas. Não com a curiosidade de voyer, mas por mero acaso. Vivo em uma rua silenciosa e as vozes emanam daquele cubículo de concreto cortando o ar em tom de desespero: "Estava preocupada com você", disse a moça com pouco mais de 15 anos, com uma criança no colo já mais de meia noite.<br /><br />O chinelo de dedo e o ar de desolação me comovem. O pequeno, não mais de seis meses, olha a tudo como um passageiro que nada tem a ver com a carruagem que lhe coube na vida. Em alguns momento eles somem, acompanhados de um pequeno e serelepe cachorro vira-latas. Pela calçada vem outra, apressada, pára perto do telefone, olha em volta como se estar ali fosse algum ilícito, abre a mão onde um papel amassado certamente contém o número secreto. Some na escuridão da cabine e pouco se ouve. Alguns sussurros e enfim reaparece na luz. Olha novamente em volta e parte tão apressada como na chegada. Alguns dias atras, por motivos que desconheço, um funcionário da companhia telefônica apareceu e retirou o telefone de seu pedestal. Pessoas que iam e vinham olhavam com espanto o altar de onde se retirou o santo milagreiro. Moças com pequenos papéis amassados vinham apressadas e voltavam decepcionadas. Alguns se aproximavam e praguejavam.<br /><br />Mas um dia chego em casa e para felicidade de todos, inclusive para o grupo de meninos e meninas que reúnem-se cotidianamente na esquina onde moro, o telefone estava de volta. Novamente trazendo esperanças por seus cabos infinitos. Sob aquele feio teto de concreto está certamente guardado um pedaço de cada distante rincão onde vive o coração das gentes.<br /><br />Ah, esqueci de dizer, este telefone é especial, ele não apenas permite chamadas, mas também toca. Algumas vezes me surpreendo com pessoas paradas na calçada. É uma esquina de residências, nem ao menos temos uma banquinha de revistas, mas temos esperantes, gente que espera o trinado do telefone. Sorrisos aliviados quando ouvem o metálico trim.<br /><br />É bom ver essa gente, toda gente, feliz. Na era da internet um telefone público ainda pode arrancar muitos sorrisos e suspiros. Fico sempre com a esperança que um dia ele toque para mim.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6596001974258105673.post-82009300558437295182008-05-18T09:39:00.000-07:002008-05-18T09:55:30.697-07:00Contribuição de Fernando Rios<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW5iuuJDjGh_xIG35dMD33eqsWNFZp0G6aGzE4cX8KHm_QJbkMECmTgsO-TJJM6ljEMf4LYu-wCaFPlvnXvcgb1xoRXbAvV3QyNF6P8IACiPZ4Em77i9W7pdGubqfIkiB7Cf-udmOLj_Y/s1600-h/Fernando+e+Ot%C3%A1vio.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW5iuuJDjGh_xIG35dMD33eqsWNFZp0G6aGzE4cX8KHm_QJbkMECmTgsO-TJJM6ljEMf4LYu-wCaFPlvnXvcgb1xoRXbAvV3QyNF6P8IACiPZ4Em77i9W7pdGubqfIkiB7Cf-udmOLj_Y/s320/Fernando+e+Ot%C3%A1vio.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5201762395315935874" /></a><br />Esta é uma contribuição de meu bom amigo Fernando Rios, o poeta das letras, da vida e da comida. Fernando mostra a cada minuto, com seu sorriso franco e otimismo desmedido, que viver não é o simples intervalo entre o nascer e o morrer. É construir sonhos e semear amizades. Nada mais justo que neste blog, onde escrevo e publico o que quero, e não o que outros querem ou precisam ler, tenha esta e muitas outras contribuições de Fernando Rios.<br /><br />Na foto, Fernando, do óculos, está com Otávio Machado, um grande batalhador que insiste em mostrar que as soluções sempre existem, algumas são inusitadas, e dificilmente são sempre as mesmas. <br /><br />Ouça <a href="http://sibila.com.br/maio68.mp3">"Nous sommes les nouveaux partisans"</a> (formato MP3), canção-hino, utilizada pelos participantes do Maio de 1968, em Paris. Consiste numa derivação do tema da Resistência e dos resistentes durante a II Guerra Mundial.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">MAIO DE 68: DO LIVRO DAS HORAS AO LIVRO DE PONTO</span><br />Alcir Pécora<br /><br />A marcação temporal em “maio de 68” é enganosa. É certo que houve um mês de maio no ano de 1968, mas não é dele que se fala quando se fala dele: a dimensão simbólica da data é muito maior do que a sua dimensão histórica.“Maio de 68” é uma metáfora, como “Paris” é uma metáfora (dizia Cortázar) ao situar-se junto à data, que a tudo contamina de símbolo. Como se dá na Bíblia, quando os eventos históricos da vida de Cristo são também alegoria de todos os eventos da história do homem, do gênese ao apocalipse. De resto, é sabido o que “maio de 68” alegoriza: juventude, liberdade, comunidade, igualdade, utopia, revolução, direitos de minorias, paz e amor livre: um continuado êxtase. Por isso mesmo, está claro que também alegoriza, por negação, a ausência de contradição na vida real, pois, nesta, liberdade não rima com igualdade, como alertou Isaiah Berlin; revolução e utopia acabam por ser mutuamente excludentes, como demonstraram os regimes revolucionários efetivamente implantados. Ao alegorizar o fim da existência agônica, “maio de 68” é também alegoria de um milagre. Tudo se concilia numa grande prece para que nada contradiga o desejo mais coletivo e o mais pessoal. Como disse Boris Groys: “É absolutamente evidente que os anos sessenta foram um presente divino. O ano de sessenta e oito foi um afluxo súbito de energia. Por todo o mundo – em Moscou, em Praga, na América, na China, em Paris, (...) na Alemanha --, muitas pessoas começaram a reivindicar: queremos fazer qualquer coisa sem ter de fazê-lo. Queremos transformar os prazeres em trabalho e o trabalho em prazer. (...) É isso o que disseram, o que sentiram, e saíram em manifestação para exigi-lo – e afinal para exigi-lo de Deus, porque nenhum governo deste mundo pode dar qualquer coisa desse gênero. Era, por assim dizer, uma reivindicação dirigida ao céu”.<br /><br />E então, nessa prece, que versículo toca à literatura? Quando rezamos pelo milagre do fazer tudo sem o trabalho de fazer nada, a obra perfeita sem a mão que a efetue, a potência do pensamento que não se reduz com o ato de pensar, estamos imaginando que a vida deva ser pautada pela literatura, ou, por extensão, pela arte. Pensamos nosso corpo como escritura e nossa vida como obra de arte.<br /><br />Mas, se “maio de 68” pode ser entendido simbolicamente como submissão da vida à arte, que anula as contradições do real no gozo, a segunda coisa a dizer é que tal literatura é estranha à literatura. Pois a questão decisiva da literatura não é liberar ou curar mas, ao contrário, articular um nexo com o legado cultural, produzir um ato de inteligência capaz de estabelecer correspondência com o passado, em busca de alguma forma de transcendência. Nesse ato, a menos que a obra se esgote em seu consumo, o presente ocupa apenas parte dele.<br /><br />E a “literatura hoje”, o que pode ser? Para que a comparação se efetue é preciso encontrar seu núcleo simbólico igualmente. Está claro que a literatura já não pensa em pautar a vida: do milagre não resta sequer memória (a não ser talvez instrumental). Já não tem pretensão de ser vetor da vida pessoal ou coletiva. Quer apenas pautar-se pela vida, num modesto realismo. Quer estar na vida como tudo que está nela: como um ofício a mais, como um trabalho sério e miúdo de operário, em que o melhor sonho é ser “autor de tal empresa”. A multidão de blogueiros, no fundo, trocaria de bom grado sua liberdade no cyberspace por um contrato numa editora tradicional. Assim, a dimensão simbólica da “literatura hoje” veste colarinho puído: orgulha-se de fazer bem feito o servicinho do dia-a-dia, bagrinho da estiva dos negócios. Também por isso, por ter sede na vida ordinária, “literatura hoje” está fora da literatura pra valer. Pois esta não pode estar no esforço de vestir a camisa da empresa, mas no de dialogar com a vida intelectual, cujo horizonte constitui, afinal de contas, um campo de problemas sem solução, não a oportunidade ou o êxito no mercado.<br /><br />Isto posto, os “40 anos depois” significam basicamente que saltamos do Livro de Horas para o Livro de Ponto, pulando a literatura. De lá para cá, ela sempre esteve fora do jogo principal. Em “maio de 68”, o escritor era inútil porque todos tinham obrigação de sê-lo, uma vez que a função da vida era ser obra de arte. Agora tampouco vale grande coisa, porque, conquanto trabalhador especializado, como todos os outros, o escritor é um caso de RH, aspirante a funcionário. Em “maio de 68” partilhamos o milagre; “hoje” a banalidade. A literatura passa ao largo de ambas as metáforas. Apenas cuida de ouvir as vozes literais, presença viva, dos mortos.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6596001974258105673.post-20700381625451758562008-04-13T07:48:00.000-07:002008-04-13T07:58:48.971-07:00"Só de sacanagem"<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQ-W_iQxc6tAUb_btyykERcTGQdp8v8Z3MnWG9kMfhy8zvXhHhcyQ5WIbF2v21GWJOLo536K4CD4v8Doe2o32KEUFofxeILW4D9QVY7bZdl68ovMWPfLxaaIOM3aiBhyphenhyphenS9_XHmfPAq3SU/s1600-h/elisalucinda.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQ-W_iQxc6tAUb_btyykERcTGQdp8v8Z3MnWG9kMfhy8zvXhHhcyQ5WIbF2v21GWJOLo536K4CD4v8Doe2o32KEUFofxeILW4D9QVY7bZdl68ovMWPfLxaaIOM3aiBhyphenhyphenS9_XHmfPAq3SU/s200/elisalucinda.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5188744337643076994" border="0" /></a><span style="font-weight: bold;font-size:100%;" >Elisa Lucinda</span><span style="font-size:100%;"><br /><br />Meu coração está aos pulos!<br />Quantas vezes minha esperança será posta à prova? Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro.<br /><br />Do meu dinheiro, do nosso dinheiro, Que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós. Para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais. Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.<br /><br />Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz. Mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.<br /><br />Meu coração tá no escuro. A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó E dos justos que os precederam: “Não roubarás”. “Devolva o lápis do coleguinha”. “Esse apontador não é seu, minha filha”.<br /><br />Pois bem, se mexeram comigo, Com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, Então agora eu vou sacanear: Mais honesta ainda vou ficar!<br /><br />Só de sacanagem! Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba” E eu vou dizer: “Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez”. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês.<br /><br />Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau. Dirão: “É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”. E eu direi: “Não admito, minha esperança é imortal”. E eu repito: “Ouviram? IMORTAL!”<br /><br />Sei que não dá para mudar o começo Mas, se a gente quiser, Vai dar para mudar o final!</span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6596001974258105673.post-5921579220028750302008-04-13T07:21:00.001-07:002008-04-13T07:45:49.624-07:00Para gostar de ouvir<object height="355" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/Y-Jpd5hRrjo&hl=en"><param name="wmode" value="transparent"><embed src="http://www.youtube.com/v/Y-Jpd5hRrjo&hl=en" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" height="355" width="425"></embed></object><br /><br /><object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/oRhhNPBPGyU&hl=en"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/oRhhNPBPGyU&hl=en" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6596001974258105673.post-79488610898584487682008-04-09T15:22:00.000-07:002008-04-09T15:59:54.357-07:00Milo Manara e suas mulheres maravilhosasO desenhista Milo Manara povoa o sonho de muita gente. Suas mulheres maravilhosas são uma homenagem às companheiras de verdade, que vivem em nossas vidas e são objeto de nossos amores.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGvJNcRA1bju-5XSmyCAdFd8jHUrAllXv-sd-J5pNpF5ZuqywMvDTs7sQT8FbX8X6GiHYHlVkuKJiXu8cPnqJ18Pc2rIk02JxdPnNCbf2vdi_zTTpP1lPX_6nat321_7_Ys-r32YgUxb4/s1600-h/indian_woman.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGvJNcRA1bju-5XSmyCAdFd8jHUrAllXv-sd-J5pNpF5ZuqywMvDTs7sQT8FbX8X6GiHYHlVkuKJiXu8cPnqJ18Pc2rIk02JxdPnNCbf2vdi_zTTpP1lPX_6nat321_7_Ys-r32YgUxb4/s320/indian_woman.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5187375606181173506" border="0" /></a><br /><a href="javascript:void(0)" tabindex="11" onclick="return false;"><span>Salvar agora</span></a>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6596001974258105673.post-46857307463719758132008-04-08T10:54:00.000-07:002008-04-08T10:58:19.424-07:00Banda Jazzco no Magnólia Bar<p><span><b>Quarta-feira<span> </span>09 de abril às 22hs</b>,<span> haverá </span>uma apresentação no <b>Magnólia Villa Bar </b><span> </span>com composições e arranjos próprios, que os próprios músicos da <b>Banda Jazzco</b><span> </span>denominam como “<b>Jazz Brasileiro</b>”.</span></p> <p><span>Uma música instrumental com o suingue brasileiro. </span></p><object height="355" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/zhvVQlRZfxA&hl=pt-br"><param name="wmode" value="transparent"><embed src="http://www.youtube.com/v/zhvVQlRZfxA&hl=pt-br" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" height="355" width="425"></embed></object><b><span>Magnólia Villa Bar - São Paulo</span></b> <p><span>Rua Marco Aurélio 884 – Vila Romana/Lapa</span></p> <p><span>Próximo a Av<span> </span>Heitor Penteado/R. Aurélia(1° farol)</span></p> <p><span>Couvert R$14,00(com reserva R$12,00)</span></p> <p><span>Fone: 3463-4994 ou 3863-9296</span></p> <span style=""><span><a><span>www.magnoliabar.com.br</span></a></span></span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6596001974258105673.post-2908496048292932842008-03-22T07:07:00.000-07:002008-03-22T07:11:05.712-07:00Reflexos de alguns momentos<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.cristinaruiz.com.mx/tienda/images/actual_hasta_el_infinito.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 200px;" src="http://www.cristinaruiz.com.mx/tienda/images/actual_hasta_el_infinito.jpg" alt="" border="0" /></a>Dal Marcondes <p class="MsoNormal">Todas as vezes que nos defrontamos com nossa própria finitude ficamos perplexos com os limites que ns são impostos. Pertencemos a uma geração da Humanidade, e a uma classe social que não está acostumada a enfrentar limites definitivos. Tratamos estas impossibilidades como transitórias e buscamos sempre o chavão fácil da superação. </p> <p class="MsoNormal">Bom, ainda não existe superação para o fim da vida. A extinção do ser, do sentir, do poder e do fazer. A impecável imobilidade social, moral e biológica do ser. O último ato.</p> <p class="MsoNormal">Os momentos em que vislumbramos a possibilidade do fim. Estes são fundamentais. </p> <p class="MsoNormal">Saber da iminência de deixar a cena cria a vontade de fazer mais, ser melhor, estar bem. Uma vontade que, em si, não tem a capacidade de alterar resultados naquele preciso momento. No entanto, mostra caminhos e alternativas para o porvir, se ele existir.</p> <p class="MsoNormal">Triste é a vida de quem não se apercebe de que ela se esvai. Porque os momentos são iguais, uma sucessão de sentimentos e sensações sem a elevação do último acorde. Mais triste ainda é a vida de quem tem medo do cerrar das cortinas. Pois, sem domínio da própria existência, vive a luta para preservar a iníqua sucessão dos dias e noites.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6596001974258105673.post-24113778219977996802008-03-11T09:32:00.000-07:002008-03-11T09:33:22.732-07:00A fala do amigoDal Marcondes <p class="MsoNormal">Um bom amigo, o Avelino Alves, me escreveu falando sobre a necessidade que ler coisas simples pela manhã. É verdade, se começamos o dia com as manchetes dos grandes jornais, com as dezenas de explosões, com as políticas e as restrições. Com os conflitos e as secas, como vamos produzir coisas importantes, cheias de ternura e comprometidas com o futuro, com as novas gerações e com nossos netos? Também esta manhã estava conversando com outro amigo cujo filhote de 3 anos passou a noite com febre e desinteria. Ele certamente não quer saber hoje das guerras e dos parlapatões que dominam a política. </p> <p class="MsoNormal">Talvez os dois quisessem apenas ler sobre amanhã de sol onde seus filhos e netos poderiam ir à praça. Brincar de bola e ouvir o som de passarinhos. Pular corda, escorregar e correr. Nos jornais a manchete seria: “Mais ruas serão fechadas apenas para pedestres, ciclistas e crianças”. </p> <p class="MsoNormal">É verdade, não temos mais Rubens Braga e Drumond. Pelo contrário, temos nas redações gente que insiste em nos esfregar na cara, manhã após manhã, a nossa incapacidade, nossa incompetência, nossa deslavada derrota frente à vida. Como quem precisa que todos sejam terrivelmente massacrados para que possa sentir-se de alguma forma satisfeito.</p> <p class="MsoNormal">Dias atrás abri uma revista que trazia na capa o seguinte título: “Automóveis: o melhor ano da história”. A matéria dizia que “nunca na história deste país” a indústria automobilística vendeu tanto. Tudo isso em um tom de jubilo pelo sucesso do modelo de desenvolvimento que entope nossas ruas e avenidas. Num primeiro momento pensei como Cristo: “eles não sabem o que fazem”. Mas, para minha surpresa, na mesma revista havia uma outra matéria que dizia mais ou menos isso: “Com seis milhões de automóveis São Paulo pode parar”. Ou seja, alguém lá dentro da redação sabia que o modelo é insustentável.</p> <p class="MsoNormal">Os leitores são massacrados diariamente com centenas de informações sobre coisas para as quais sentem-se impotentes <st1:personname productid="em atuar. Mas" st="on">em atuar. Mas</st1:PersonName> não são estimulados a fazer as coisas simples, como ir à praça e resgatar valores que devem fazer parte de nossa herança para o futuro. </p> <p class="MsoNormal">Assim como meus amigo, quero também ler sobre coisas simples, que eu possa fazer com meus filho e netos, que possam ajudar a construir uma ética para o futuro. Vou continuar me indignando com os grandes temas eleitos nas reuniões de pauta e fechamento dos grandes jornais. Afinal, jornais servem para isso, para trazer o mundo à minha porta. Mas gostaria de abrir a porta também para boas notícias, para os bons cronistas e para que as crianças saiam para brincar sem medo.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6596001974258105673.post-26636742896780071892008-03-10T17:09:00.001-07:002008-03-10T17:17:41.930-07:00Fantasia sobre um velho tema<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEip8sRasElrxgw7SacU9c3VHSuogiWBiYGmXmhyphenhyphen-_oKth0lc03GiPzZEtksfvMHuqU6wjkQVYupV0T9YQOvtOrjZFIOeBV0qQUt7UUwLBDB7ZYP_Hv54rxxL5YbmrKcM8Ii0IjHGoj_Nzg/s1600-h/Jos%C3%A9+Reagio+2.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEip8sRasElrxgw7SacU9c3VHSuogiWBiYGmXmhyphenhyphen-_oKth0lc03GiPzZEtksfvMHuqU6wjkQVYupV0T9YQOvtOrjZFIOeBV0qQUt7UUwLBDB7ZYP_Hv54rxxL5YbmrKcM8Ii0IjHGoj_Nzg/s320/Jos%C3%A9+Reagio+2.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5176269824446423842" border="0" /></a><span style="font-size:100%;"><b>O poema que se segue foi escrito pelo poeta português José Régio, ou </b></span><b>José Maria dos Reis Pereira, como constou em sua certidão de batismo em Vila do Conde. Régio nasceu em 1901, no despertar de um novo século, e morreu em 22 de dezembro de 1969, seis meses depois de a Apolo 11 pousar na Lua.<br /><br />A luz de sua poesia brilhou entre os grandes. Este é certamente um dos maiores textos jamais escritos em nossa língua. Um dos poucos que me bate a inveja: "porque não sou capaz de escrever assim?"<br /></b><div style="text-align: right;"><b><br />Dal Marcondes</b><br /></div><span style="font-size:100%;"><b><br /><span style="color: rgb(255, 204, 0);font-size:130%;" >Fantasia sobre um velho tema</span></b><br /><br />Mora-me um poeta<br />Que tento esconder,<br />A ver<br />Se poderei ser<br />Como toda a gente.<br /><br />Abri os meus alçapões,<br />E no último desvão<br />O fechei a pão e água,<br />Com grilhões,<br />E uma corrente...<br />(... a ver se poderei ser<br />Como toda a gente).<br /><br />Depois, saí para a rua,<br />Todo aprumado,<br />Escovado,<br />Dado a ferro,<br />Satisfeito:<br />Porque em verdade, julgava<br />Que a multidão que girava<br />Pensava<br />De mim<br />Assim:<br /><br />- "Ali vai um homem<br />Tão decentemente<br />Que, naturalmente,<br />Nada deve ter<br />Que nos esconder..."<br /><br />Delirantemente,<br />De mim para mim,<br />Eu pensava assim:<br /><br />- " Ser como essa gente!<br />Ser bem menos gente!<br />Ser mais toda-a-gente<br />Que toda essa gente!"<br /><br />Sim,<br />Raivosamente,<br />Eu pensava assim.<br /><br />... Tanto mais raivosamente<br />Quanto, dos longes de mim,<br />Do fim<br />Do derradeiro alçapão,<br />O Poeta emparedado,<br />Esfaimado,<br />Encadeado,<br />Cantava a sua prisão:<br /><br />- " Se aqui me fecharam,<br />Foi porque não posso<br />Debulhar o osso<br />Que me arremessaram...<br /><br />Foi porque os desperto,<br />De noite e de dia,<br />Com a chama fria<br />Do meu gládio aberto...<br /><br />Foi porque a pobreza<br />Que fiz meu tesoiro<br />Tem muito mais oiro<br />Que a sua riqueza...<br /><br />Foi porque horas mortas,<br />Indo no caminho,<br />Lhes bati às portas,<br />Mas segui sozinho..."<br /><br />Eu pensava:<br /><br />- " Sim, realmente,<br />Se te fechei, foi a ver<br />Se poderei ser<br />Como toda a gente..."<br /><br />E baixinho,<br />Recolhido sobre mim<br />Como um bichinho-de-conta,<br />Eu cantava-lhe também,<br />Recolhido sobre mim,<br />Cantigas de adormentar:<br />Cousas de pai, ou de mãe,<br />Que cantam para embalar...<br /><br />Assim:<br /><br />- "Durma um soninho comprido<br />No seu bercinho deitado,<br />Que o papão foi enxotado,<br />E eu não deixo o meu querido...<br /><br />Durma um soninho alongado,<br />No seu bercinho estendido,<br />Que eu não tiro do sentido<br />Velar o meu adorado..."<br /><br />E assim, com tudo isto ao peito,<br />- Um doido e seu alçapão -<br />Eu seguia satisfeito:<br />Porque em verdade, julgava<br />Que a multidão que girava<br />Pensava<br />De mim<br />Assim:<br /><br />- "Ali vai um homem<br />Tão decentemente<br />Que, naturalmente,<br />Nada deve ter<br />Que nos esconder..."<br /><br />Como era que, de repente,<br />Nos olhos de quem passava<br />(Um qualquer)<br />Imaginava<br />Ver debruçar-se a acusar-me<br />Um colosso...,<br />Um poeta inofensivo<br />Com ferros nos tornozelos,<br />Nos pulsos,<br />E no pescoço?<br /><br />Ai, campainhas de alarme<br />Sob dedos de outro mundo...!<br /><br />E nem sei como<br />Transtornado até ao fundo<br />Dos meus alçapões recônditos,<br />Melodramaticamente,<br />Eu avançava<br />De braços todos abertos<br />Para o qualquer que passava.<br /><br />Então,<br />Diante de mim, agora,<br />Qualquer, e não sem razão,<br />(Qualquer grosseirão)<br />Parava, ria,<br />Dizia<br />Que eu era doido varrido...<br /><br />E, corrido,<br />Eu desatava a correr.<br /><br />A multidão<br />Detinha-se para ver<br />Este senhor bem vestido,<br />Com bom ar e belos modos,<br />A fugir, como um perdido,<br />Ante o pasmo dos mais todos!<br /><br />Sarcasta,<br />Bem lá do fundo<br />Do alçapão derradeiro,<br />O meu Cativo cantava<br />O timbre da sua casta:<br /><br />- "Sou como um grito de alarme<br />Sobre as tuas sonolências.<br />Preencho as tuas ausências<br />Com a presença de Deus...<br /><br />O som dos teus escarcéus,<br />Redu-lo a silêncio e a espanto<br />O murmúrio do meu canto<br />Nos teus ouvidos impuros...<br /><br />Quero-te! e não são teus muros<br />Que hão-de impedir que te enlace,<br />E que te queime a boca e a face<br />Com meu ósculo de fogo...<br /><br />Que trapaças de que jogo<br />Inventarás por vencer-me,<br />Se te rojas como um verme<br />Sem as asas que te hei sido?<br /><br />E é de tal modo perdido<br />O afã de me combater,<br />Que é teu supremo vencer<br />Não vencer - mas ser vencido..."<br /><br />... Cantava.<br />Mas eu, aos poucos,<br />Subjugava<br />Meus nervos loucos:<br />Retomava,<br />Da minha lista de cor,<br />Qualquer pomposa atitude...<br />Por exemplo: a de senhor<br />Fundador,<br />Ou benfeitor,<br />De associações de virtude.<br /><br />E seguia<br />Com decência e autoridade,<br />Enquanto com desespero,<br />Com crueldade,<br />Com ódio,<br />Com soluços de paixão,<br />Gritava lá para dentro<br />Do derradeiro alçapão:<br /><br />- "Não!...,<br />Não penses<br />Que te pode ouvir alguém!<br />Ouço-te eu; e mais ninguém!<br />Mas eu não te soltarei,<br />Nem deixarei<br />Que parem à tua porta.<br />Hei-de ter-te emparedado,<br />Carregado<br />De correntes;<br />E, por uma noite morta,<br />Hei-de entrar, como um ladrão,<br />E hei-de te cravar os dentes<br />No lugar do coração;<br />E hei-de te arrancar a língua;<br />E hei-de te queimar os olhos;<br />E hás-de ficar cego e mudo;<br />E assim,<br />À míngua<br />De tudo,<br />Te hei-de deixar<br />A agonizar por três dias...<br />Então,<br />Hei-de compor elegias<br />À tua morte:<br />Elegias académicas,<br />Sonoras,<br />Metafóricas,<br />Retóricas,<br />Feitas com todo o recorte,<br />Com toda a morfologia,<br />Com toda a fonologia,<br />Com toda a sabedoria<br />De versos caindo iguais,<br />Como um relógio a dar ais<br />À hora do meio-dia!<br />Depois, hei-de conservar<br />O teu coração escuro<br />Triturado<br />Por meus dentes,<br />Hei-de o conservar, pintado,<br />Retocado,<br />Envernizado,<br />Num frasco de cristal puro...<br /><br />Para o mostrar às visitas,<br />Aos amigos e aos parentes."<br /><br />Assim falando<br />Para dentro<br />Do subterrâneo nefando,<br />Ia andando<br />Com aspecto satisfeito,<br />E direito,<br />Bem seguro,<br />Sobretudo, consciente<br />De estar mesmo a ser, agora,<br />A parte de fora<br />(A cal do muro)<br />De toda a gente...<br /><br />Assim entro em várias casas,<br />Através de várias ruas,<br />Parando ante várias montras,<br />Cumprimentando<br />Para um lado, para outro...<br /><br />Até ficar<br />Numa qualquer sala<br />Onde estão sentados<br />Homens e mulheres<br />Com um ar de embalsamados.<br /><br />Criados<br />Vêm e vão<br />Com bandejas<br />Sobre a mão.<br /><br />Paira, como nas igrejas,<br />Um fumo de hipocrisia...<br /><br />Enquanto<br />A um canto,<br />Com funda neurastenia,<br />Um piano faz ão-ão,<br />Faz ão-ão a toda a gente,<br />Como um pobre cão doente.<br /><br />Logo,<br />Então,<br />Qualquer menina Marguerite<br />Me implora que lhes recite<br />A última produção.<br /><br />Recuso-me,<br />Ela insiste,<br />Vou para o meio da sala,<br />Tudo se cala,<br />Sinto-me triste,<br />Falta-me a fala,<br />Falta-me a respiração,<br />E a suar de angústia, rouco,<br />Debuxando no ar gestos de louco,<br />Arranco, num grande esforço,<br />Estas palavras ao Outro...<br /><br />Palavras<br />De todo o meu coração:<br /><br />- "No silêncio total, contemplo-te. Morreu<br />A já póstuma luz dos astros mortos, no céu cavo.<br />Chegou a nossa hora! A realidade és tu e eu.<br />Contemplo-te, senhor!, eu, teu indigno escravo...<br /><br />Os teus olhos serenos e cruéis<br />Despojam-me de toda a ornamentação:<br />E eu tremo, nu, sobre os meus tristes, preciosos<br />ouropéis,<br />Nu - e coberto de confusão.<br /><br />Lembro as minhas mãos vis, meus olhos lassos,<br />E a minha carne murcha, e o meu suor,<br />E os meus pés deformados, e as feridas dos meus<br />braços...<br />Tem dó de mim!, belo senhor.<br /><br />Continuas a olhar-me. Imperturbável,<br />O teu olhar transpõe minha nudez.<br />E, por mais que a teus pés eu me recolha,<br />miserável,<br />A alma dói-me!, porque tu ma vês.<br /><br />Como és assim cruel, sendo tão belo?<br />Tira de mim o teu olhar, que me tortura,<br />Macio e frio como o fio dum cutelo...<br />Poupa-me à tua formosura!<br /><br />Ah, que martírio<br />Ter-te sempre tranquilo, grande, belo,<br />Posto em frente de mim, que sou delírio,<br />Ranger de dentes pouco sãos, riso amarelo...!<br /><br />Vai-te da minha vista, meu amado!<br />Chama por mim o chão de que sou digno.<br />Deixa-me resignar-me! Estou cansado.<br />Só por pudor de ti me não resigno...<br /><br />Deixa-me ir ver, lá em baixo, os saltimbancos,<br />Gozar o vil ballet que sobe à cena.<br />Deixa-me ir ocupar o meu lugar nos bancos,<br />Exibir o meu número na arena!<br /><br />Deixa-me ser vulgar!<br />Pois se não posso ser o que tu és,<br />Por que assim me agarrar, e rastejar,<br />Como um grilhão, aos teus pés?<br /><br />Triste impotente, em vão, dentro de mim, grito<br />estes gritos:<br />Olho-te..., e quedo nu e mudo,<br />Porque os teus olhos nítidos e fitos<br />Se me antecipam a tudo.<br /><br />E eu sei que não te irás, nem eu irei.<br />Pesa sobre nós dois a mesma condição:<br />Que eu nasci servo dos teus pés de rei;<br />Tu, pobre rei!, servo da minha servidão."<br /><br />Calo-me, aflito.<br />Em roda,<br />Com um ar comprometido,<br />Dizem que sim, que é bonito.<br />Tangendo as pontas dos dedos,<br />Dão-me palmas<br />Com um meneio entendido<br />Das frontes estupefactas...<br />E a menina Marguerite,<br />Levantando as omoplatas,<br />Baixa, lânguida,<br />As pálpebras timoratas<br />Sobre a fímbria do vestido.<br /><br />Ah!, eu sei!<br />Sei que ninguém compreeendeu,<br />Nem podia compreender,<br />O meu combate de amor:<br />Este diálogo entre mim e eu.<br /><br />E arrumado para um canto,<br />Como o piano,<br />Gozo onanisticamente<br />A glória de ser vencido,<br />Gritando ao meu tal Demente<br />Lá no seu fundo escondido:<br /><br />- "Venceste, porque és maior!<br />Porque tinhas de vencer!<br />Porque eu sou fraco,<br />Pois que te não posso ter<br />Calado no teu buraco!<br />Eu, afinal,<br />Sou uma triste mistura<br />De ousadia e cobardia.<br />Sou tu e eu...,<br />Sou banal!<br />Nem sou pele nem carne viva,<br />Não sei subjugar nenhum,<br />Padeço de alternativa,<br />Nunca me atinjo só um!"<br /><br />...Enquanto ao lado, de esguelha,<br />Falando para um sujeito<br />Debruçado, como um cuco,<br />Sobre o seu ombro perfeito,<br />A dona de um alto peito<br />E duma boca vermelha<br />Diz:<br /><br />- "Não parece antipático!<br />Não..., só maluco.<br />Talvez um pouco lunático..."<br /><br />E eu, sentindo-me ridículo<br />Com o meu ar sorumbático,<br />Vou fechar-me num cubículo<br />Onde não haja ninguém,<br />E aonde a voz do Arcanjo preso<br />Lá dos fundos, alta, vem:<br /><br />- "Por que me renegas, se eu é que sou Um,<br />E em te desdobrando, tu não és nenhum?<br /><br />Por que me recusas, se não há batalha<br />Que, sem mim ganhada, possas crer que valha?<br /><br />Por que deles todos me escondes aqui,<br />Se eu é que os sou todos, e te sou a ti?<br /><br />Por que só exibes, sobre o teu portal,<br />Vis máscaras minhas...?"<br /><br />Etc. e tal.<br /></span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6596001974258105673.post-227867852787631562008-03-09T09:35:00.000-07:002018-05-20T13:22:22.944-07:00Os incríveis anos 70<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b><i><o:p></o:p>por Dal Marcondes</i></b></span><br />
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<span style="font-family: "verdana"; font-size: 100%;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana"; font-size: 100%;">Para mim a década de 70 começou em 1968.Tudo o que viria depois, até o início dos anos 80, tinha a ver com o que as pessoas estavam fazendo e discutindo, pelo que ela lutavam, pelo imenso desenvolvimento científico do final dos anos 60 e pelo avanço da TV e dos meios de comunicação de massa. Os Beatles chegaram ao fim e foi como se uma flor ficasse madura para lançar sementes. Deu no Jornal da Tarde, o diário de uma geração. Em suas páginas aconteceram a Primavera de Praga, ouvimos os discursos inflamados de Daniel Cohn-Bendit (Dani o Vermelho), e assistimos as atrocidades do Vietnã. São Paulo se desconstruía como capital de província e vestia seu manto cosmopolita. O Brasil pensava grande e realizava pequeno. <o:p><br />
</o:p><br /><b>
1968 o ano do primeiro beijo</b><o:p></o:p></span></div>
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<span style="font-family: "verdana"; font-size: 100%;"><o:p> </o:p></span></div>
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<span style="font-family: "verdana"; font-size: 100%;">Quando eu desci as escadas na rua pacata do Brooklin, lá embaixo estava a Rachel, uma linda menina de 14 anos. Em silêncio, com muita timidez, as mãos se tocaram. Ao longe os ruídos dos aviões de Congonhas e, da sala, o som da vitrola tocando ie-ie-ie. Nos olhos o brilho da emoção de ter chegado a hora. Um momento ansiado por anos, a espera de cada um e a realização. Um beijo. Não qualquer beijo, mas o primeiro, que me lançou no mundo dos homens, a primeira manifestação sexuada em relação a uma mulher. O máximo. O início de uma década que só terminaria 10 anos depois, quando entrei na faculdade.<o:p></o:p></span></div>
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<span style="font-family: "verdana"; font-size: 100%;">Depois daquele beijo tudo ficou diferente. A ternura virou tesão. As festas coloridas ganharam os sinais de territórios de caça. Dançar, um ritual de acasalamento e, viver, uma grande emoção. Começavam ali os Incríveis Anos Setenta, que me levaram a conhecer terras e mulheres, que me mostraram caminhos e descaminhos, que trouxeram e levaram amigos. O rock como hino, a liberdade como bandeira e as drogas como caminho. Ao som de<a href="https://youtu.be/2u-PjvRyr0I"> Stairway to Heaven</a> se construiu uma geração de caminhantes.</span><br />
<span style="font-family: "verdana"; font-size: 100%;"><br /></span>
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<span style="font-family: "verdana";"><br /></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6596001974258105673.post-11273302587358031912008-03-09T08:43:00.000-07:002008-03-09T08:44:39.260-07:00Os incríveis anos 60/70<object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/7dyl0j3WU6Y"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/7dyl0j3WU6Y" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object>Unknownnoreply@blogger.com0